domingo, 17 de março de 2013

O Poeta Alado


11 dias se passaram e apenas hoje consegui transformar os sentimentos em palavras. Não foi e ainda não está sendo fácil absorver tudo isso.

Pela primeira vez em mais de um ano e meio escrevendo para o Rock Noize, às 7h da manhã de uma quarta-feira eu estava escrevendo e era uma notícia que jamais iria imaginar que escreveria, a morte do nosso Chorão.

Hoje digo que sei o que muita gente sentiu em 1990 quando se foi Cazuza e em 1996 quando se foi Renato Russo. Ídolos que se foram precocemente.
Mesmo sabendo que seu legado e ideologia ficarão para as próximas gerações é difícil saber que não teremos mais suas músicas, seus poemas, suas histórias.

Chorão passava em suas letras a realidade de todos nós. Não havia um verso de uma música sua que não coubesse ao dia-a-dia/história de alguém.

Uma pessoa ímpar, de personalidade forte, sem papas na língua, sem medo de bater de frente, mas ao mesmo tempo uma pessoa extremamente sensível e humilde.

Lamentavelmente muitas pessoas ao falarem de outrem deixam as qualidades de lado e enfatizam os defeitos. Levando-se em conta que  somos todos humanos e imperfeitos, errar faz parte de nossa natureza.

Não entrarei em pontos críticos sobre a vida e conduta do Chorão, não cabe a nenhum de nós julgá-lo e sim gostar ou não e acima de tudo respeitar. E nesse momento o que me resta é apenas prestar minha homenagem à este homem que junto com sua banda fez parte da minha adolescência e fez parte até hoje.

Só quem foi à algum show pode descrever como era sentir a energia do Chorão em cima do palco. Eu perdi as contas de quantos fui, mas lembro-me perfeitamente do show que fui em 2002, quando tinha apenas 15 anos. O primeiro show que fui da banda, o primeiro show que fui na vida.

Queria tanto poder escrever coisas bonitas aqui, mas fica difícil fazer isso quando nosso coração está dilacerado.

Nosso poeta alado sempre buscou a liberdade, e agora ele a encontrou. Se libertou desse mundo medíocre, dessa sociedade mesquinha e egoísta.
Perdemos um grande nome do rock nacional, perdemos um poeta, perdemos uma pessoa que através da música foi capaz de mudar a vida de muita gente.
Mas a nós fica seu legado e agora é nossa missão passá-lo adiante.

Vá em paz Chorão, vá buscar o seu lugar ao sol!




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Um comentário:

Anônimo disse...

Eu estava lá, eu estava lá nos anos noventa, adolescente e sonhador, querendo conquistar o mundo e me tornar conhecido na música.
Eu estava lá, eu estava lá nos anos noventa, quando invadiram a cidade, e cheio de atitude ele já dizia para nós "não viva em vão, corra atrás dos seus sonhos, porque daqui nada se leva, então vá em frente".
Éh! Eu estava lá, quando o mundo parecia que mudaria junto a aquele cara, mas tenho certeza que muitos mudaram, mesmo vivendo como loucos, pois só os loucos sabem o quanto é difícil falar neste mundo hostil.

Ele ainda está vivo para quem viveu e aprendeu com ele e muitos ainda irão viver para conhecê-lo.

Chorão sempre!